Nas obras modernas, há um protagonismo da estrutura na concepção da arquitetura: os elementos estruturais são usados de forma aparente e estão diretamente relacionados com a estética e com a concepção do espaço arquitetônico.
O concreto armado tem sido o material construtivo mais utilizado pelos arquitetos modernistas por sua capacidade de viabilizar formas, pela nitidez de suas linhas construtivas e pela clareza dos volumes arquitetônicos proporcionados pelo material.
Nesses quesitos, a arquitetura brasileira modernista fez escola com formas inovadoras, rompendo com o pragmatismo retilíneo da arquitetura internacional, e com o desenvolvimento da tecnologia do concreto evidenciado nos elementos estruturais puros das cascas e dos planos estruturais.
Obras de Niemeyer em Brasília
O primeiro palácio a ser construído em Brasília foi o Palácio da Alvorada, em 1956. No projeto, destaca-se a forma dos apoios dos pilares, que parecem apenas tocar levemente o solo. O projetista Joaquim Cardozo, para aliviar as cargas, criou apoios internos que recebem a maior parte das cargas. Além disso, a laje de cobertura não é contínua no trecho da varanda e sua espessura diminui até encontrar os pilares, artifício que diminui ainda mais a carga para as colunas de fachada.
A construção do Palácio da Justiça foi iniciada em 1965. A exemplo de outros palácios do Eixo Monumental projetados por Niemeyer, o Palácio da Justiça possui um núcleo central envidraçado, com cinco pavimentos e um subsolo, construído primeiro, para só depois serem erguidas as quatro fachadas e a cobertura.
Sua fachada principal é formada por nove semiarcos que ligam os pilares extremamente esbeltos, espaçados a cada 6,5 metros. Entre eles, temos as seis famosas fontes que, de diferentes alturas, jogam água para o espelho d’água do jardim em frente ao edifício, projetado pelo paisagista Roberto Burle Marx.
O Palácio do Itamaraty, inaugurado em 1970, destaca-se por suas quatro fachadas monumentais, formada cada uma por 15 pilares, com seção trapezoidal, com a parte mais fina virada para a parte exterior do prédio, o que confere mais leveza à fachada. Unindo os pilares no topo, temos arcos ligados à cobertura.
A Igrejinha Nossa Senhora de Fátima consiste de três elementos:
- Duas paredes estruturais – uma em curva que envolve toda a igreja, deixando uma pequena abertura frontal, e outra que separa a pequena nave da sacristia;
- Três pilares externos que sustentam a cobertura curva da igreja, com base muito larga e, em curva, vão diminuindo até encontrarem as pontas da cobertura;
- Cobertura na forma de laje triangular em curva (casca de concreto com espessura entre 10 e 90 cm) e cinco vigas de sustentação que não aparecem ao observador no chão.
Análise estrutural do sistema revelou que a forma da Igrejinha está diretamente relacionada com seu sistema estrutural: momentos fletores na base dos pilares justifica escolha de seu formato.
Saiba mais no artigo “O concreto e a arquitetura de Niemeyer em Brasília”, publicado na edição 107 da Revista CONCRETO & Construções.