Aproximadamente 50% das estruturas de concreto armado são reparadas dentro de 10 anos após a sua construção.
A forma mais comum de reparos dessas estruturas é o reparo localizado. No entanto, a corrosão das armaduras pode continuar a progredir mesmo após uma seção de concreto deteriorado ter sido removida e substituída por um novo material de reparo.
![Esquema do reparo localizado em estrutura de concreto armado](https://site.ibracon.org.br/Site_revista/Concreto_Construcoes/Concreto_blog/wp-content/uploads/2022/12/FIGURA-12A.jpg)
Este fato indica que um grande número de estruturas de concreto armado pode precisar de reparos repetidos ao longo de sua vida útil, devido à falta de rigor técnico na execução, incorreta especificação de materiais, economia nos sistemas de reparo, o que implica em custo significativo de manutenção.
Sendo assim, existe a necessidade de se adotar uma estratégia de reparo adequada para evitar o uso indevido de recursos naturais e contribuir com a sustentabilidade do concreto armado.
Reparo localizado
O reparo localizado consiste na substituição do concreto contaminado pela corrosão das armaduras por uma argamassa ou graute de reparo.
O procedimento é formado pelas etapas de retirada do concreto contaminado, limpeza da armadura, preparação da superfície do substrato e preenchimento com argamassa ou graute de reparo.
![Sistema de reparo localizado](https://site.ibracon.org.br/Site_revista/Concreto_Construcoes/Concreto_blog/wp-content/uploads/2022/12/FIGURA-02.jpg)
Tem-se notado a ocorrência de corrosão na vizinhança do reparo pouco tempo depois de sua execução, mesmo nos casos em que a intervenção tenha sido realizada em estrita conformidade com as prescrições técnicas e normativas. Essa deterioração precoce em reparos localizados é denominada ânodo incipiente.
As causas do ânodo incipiente são atribuídas à incompatibilidade eletroquímica entre os materiais do substrato e do reparo, à fragilidade da zona de transição entre essas duas fases e à contaminação pré-existente no substrato.
Recomendações
Para se evitar o ânodo incipiente, deve-se buscar a compatibilidade dimensional entre o material de reparo e o substrato, alcançada por meio do controle da retração por secagem, módulo de elasticidade e coeficiente de expansão térmica do material de reparo, de modo que essas propriedades sejam compatíveis com a do substrato e, assim, seja obtida uma zona de transição menos frágil.
Outra medida é a colocação de ânodos de sacrifício (ânodos de zinco), que são conectados com arames de amarração ao vergalhão. Por ser mais eletronegativo do que o vergalhão, os ânodos galvânicos corroem no lugar das armaduras de aço, o que evita a falha prematura do reparo e prolonga a vida útil da estrutura reparada.
![Esquema de reparo localizado com proteção catódica](https://site.ibracon.org.br/Site_revista/Concreto_Construcoes/Concreto_blog/wp-content/uploads/2022/12/FIGURA-11B.jpg)
Proteger a superfície reparada com produtos que impeçam o ingresso de água e oxigênio no concreto é medida eficaz para desacelerar o processo de corrosão de armaduras instalado.
Por fim, a aplicação de inibidores de corrosão migratórios – aplicados na superfície do concreto armado na forma líquida e que atingem a superfície do aço migrando através do concreto por capilaridade e por difusão – aumenta a resiliência à corrosão de armaduras dos sistemas de concreto armado expostos à carbonatação e aos íons cloreto.
Quer saber mais? Acesse o artigo “Reparo localizado para estruturas de concreto armado: erros, acertos e reflexões“, na edição 106.