A durabilidade do concreto armado já foi considerada ilimitada, uma vez que a armadura das estruturas de concreto estaria protegida dos agentes agressivos do meio ambiente. No entanto, esse entendimento mudou na década de 1970, quando o setor construtivo começou a se defrontar com inúmeras manifestações patológicas nas estruturas de concreto, como a corrosão de armaduras.
Esse cenário despertou o interesse do meio científico e a durabilidade do concreto passou desde então a ser tema de pesquisas científicas.
A durabilidade do concreto é função de variados fatores, como a agressividade ambiental, os parâmetros de projeto, as características construtivas, o desempenho estrutural e o tempo de uso.
Por exemplo: o ambiente marinho ou costeiro é rico em sais – principalmente cloretos – que podem contaminar o concreto, sendo transportados desde sua superfície para seu interior por meio de sua rede de poros. O ponto crítico dessa concentração e transporte de cloretos para dentro da estrutura de concreto é atingindo quando os cloretos chegam às armaduras. Saiba mais na cobertura do 61º CBC.
A corrosão das armaduras é uma das manifestações patológicas que mais afetam as estruturas de concreto armado e sua evolução tende a comprometer significativamente a segurança estrutural de uma obra, caso não seja devidamente tratada. Além disso, a corrosão das armaduras pode encurtar a vida útil da obra.
Estudo bibliométrico quantitativo sobre corrosão de estruturas de concreto por cloretos
Pesquisa bibliométrica na Web of Science revelou 1100 publicações sobre o fenômeno da corrosão de armaduras em concreto pela ação de cloretos no período de 2009 a 2018.

Os principais resultados da pesquisa da produção científica relacionada ao ataque de cloretos em estruturas de concreto armado destacaram que:
- Engenharia Civil (572), Ciência dos Materiais (478) e Tecnologia da Construção (455) são as áreas temáticas que concentram o maior número de publicações e cujos índices as colocam como tópicos com alcance não apenas na sua própria área de pesquisa, mas que têm efeitos de aplicação em outras áreas (Hot topics);
- As publicações sobre o assunto têm crescido paulatinamente desde 2013, atingindo em 2018 o número de 183 registros, o que mostra a relevância do tema na comunidade científica;
- O periódico “Construction and Building Materials” destaca-se pelo número de registros de publicações (132);
- As quatro instituições de pesquisa que mais publicaram sobre o tema foram: Politécnica de Milão (Itália), Centro Nacional de Pesquisa Científica e Universidade de Toulouse (França) e Zhejiang University (China) – a Universidade de São Paulo é a instituição brasileira que mais se destacou no número de publicações, com 7 registros (71º lugar);
- Já, os países que mais concentraram publicações foram: a China (260), os Estados Unidos (141), a França (74) e a Itália (61) – o Brasil ficou em 19º no ranking, com 19 publicações;
- Dos 25 autores com o maior número de publicações, 5 estão entre os mais citados – destaca-se que a segunda publicação mais citada é de pesquisadores brasileiros (professores Marcelo Medeiros e Paulo Helene).
No que diz respeito ao conteúdo das cinco publicações mais citadas, dois envolvem estudos que visam inibir a penetração de cloretos, um objetiva prever a vida útil de estruturas em ambientes agressivos, outro apresenta a influência das mudanças climáticas no aumento do fenômeno de corrosão de armaduras e o último analisa o comportamento de vergalhões em aço inoxidável expostos a ação de cloretos.